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Para que serve e quais as principais vantagens do trade finance para exportadores e…
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Artigo AICEP
Artigo elaborado em outubro de 2022.
A proximidade afetiva, histórica e cultural entre os dois países é conhecida, mas será que as empresas portuguesas sabem como estreitar relações económicas e beneficiar de todas as oportunidades que podem surgir ao exportar para o Brasil?
Se tivermos em conta que este é um dos maiores países do mundo (5º maior em território e o 6º em termos de população), mas que é apenas o 13.º cliente das exportações nacionais (com uma quota de apenas 1,1%), torna-se mais fácil imaginar as oportunidades que podem existir do outro lado do Atlântico.
O Brasil não é apenas um país populoso e com um vasto território. A sua dimensão em termos económicos é igualmente relevante: é a 12ª maior economia do mundo e a 1ª da América Latina, com um PIB nominal de 1608,4 mil milhões dólares.
O crescimento económico brasileiro desacelerou devido à pandemia, mas em 2021 o PIB já cresceu 4,6%. Este ano poderá ser menor, devido ao impacto da inflação e das taxas de juro. Ainda assim, o consumo público e privado continua a crescer.
Assim, é natural que continue a existir grande interesse por parte de investidores estrangeiros, sobretudo em setores como as telecomunicações, energias renováveis, petróleo, gás e infraestruturas. O facto de o governo brasileiro incentivar estes investimentos e de o Brasil servir como base para o desenvolvimento de operações na América Latina ajudam igualmente a explicar este interesse.
O Brasil teve, em 2021, importações no valor de 235 mil milhões de dólares, sendo que 53,9% vieram de apenas cinco países: China, EUA, Argentina, Alemanha e Índia. Máquinas e Aparelhos (25,9% do total), Produtos Químicos (23,5%), Combustíveis Minerais (13,6%), Veículos e Outro Material de Transporte (7,8%) e Metais Comuns (7,3% do total) constituem a maioria das importações brasileiras.
A balança comercial registou um excedente de 46 mil milhões de dólares em 2021.
As exportações portuguesas para o Brasil têm descido nos últimos anos a um ritmo médio anual de 6,8% (entre 2017 e 2021). Como as importações têm crescido de forma muito significativa ( 24,9%), a balança comercial é desfavorável a Portugal, registando um déficit de 1837 milhões de euros em 2021.
A presença das empresas portuguesas tem incidido em áreas como o Turismo, Construção e Obras Públicas, Energia, Ambiente, Agroalimentar e Bebidas, Equipamentos e Produtos Industriais, Componentes para a Indústria Automóvel, Tecnologias de Informação e Comunicação, Serviços e Distribuição.
As exportações de produtos agrícolas representam 44,9% do total das exportações nacionais para o Brasil. Seguem-se os Produtos Alimentares, Veículos e Outro Material de Transporte, Máquinas e Aparelhos e Metais Comuns.
O facto de os dois países partilharem a mesma língua e de o Brasil ter uma classe média-alta que valoriza produtos estrangeiros e que tem um elevado poder aquisitivo são vantagens para as empresas portuguesas.
Sendo um mercado de perto de 214 milhões de consumidores e que apresenta ainda algumas carências, as oportunidades para as empresas nacionais podem passar por setores como a Saúde, nomeadamente aparelhos, dispositivos e produtos associados à segurança e prevenção de contaminação ou o setor Alimentar, incluindo produtos tradicionais como o azeite e o vinho.
A importação de vinhos portugueses tem, aliás, vindo a crescer, existindo, por parte dos consumidores brasileiros, a perceção da boa relação qualidade/preço. As grandes cadeias de distribuição adotaram um processo de importação direta, em regime de exclusividade, garantindo a importação de grandes quantidades.
As Máquinas e Equipamentos, Tecnologias de Informação e Energia são igualmente áreas que podem proporcionar negócios a empresas que pretendam exportar para o Brasil.
Por outro lado, o Governo Federal, os Ministérios, Estados e Municípios têm feito diversas ações para captação de investimento privado de forma a alavancar o crescimento, destacando-se oportunidades na área do saneamento e agrobusiness.
Outra vantagem para as empresas nacionais reside no ambiente descontraído da cultura de negócios brasileira, em que se dá muita importância ao estabelecimento de vínculos pessoais.
O crescimento da economia digital, que foi impulsionado pela pandemia, representa já cerca de ¼ do PIB, pelo que as empresas nacionais que pretendam exportar para o Brasil através do e-commerce vão encontar um mercado com bastante potencial.
Quais os principais desafios?
Entre os obstáculos às exportações para o mercado brasileiro está o chamado “Custo Brasil”, ou seja, um conjunto global de ineficiências que encarecem a produção e o consumo. O protecionismo, infraestruturas precárias, burocracia e a complexidade a nível legal e fiscal podem ser fatores desafiantes para quem pretende exportar ou investir no Brasil.
Existem, no entanto, alterações legislativas em curso para melhorar o ambiente de negócios no país. O Brasil tem também em curso uma reforma tributária que pode simplificar o sistema fiscal do país. A existência de acordos de cooperação luso-brasileiros poderá ser útil para resolver algumas questões.
No caso dos Produtos Agroalimentares de Origem Animal e Vegetal, existem acordos entre os dois países que pode consultar no site da Direção Geral da Alimentação e Veterinária. A DGAV disponibiliza também informação sobre os Procedimentos Gerais de Exportação para o Brasil, nomeadamente alimentos de origem animal e não animal, azeite e bebidas não alcoólicas e espirituosas ou vegetais.
Os constrangimentos à exportação e os processos em negociação por país/produto podem ser consultados no site do Gabinete de Planeamento, Políticas e Administração Geral.
Ainda no que respeita ao setor Alimentar, é possível esclarecer dúvidas através do endereço agricultura.brasil@mne.pt, um e-mail da Embaixada de Portugal no Brasil, em articulação com a AICEP local.
A abordagem ao mercado brasileiro deve começar pela recolha de informação que permita conhecer a realidade do mercado, mas também os processos, regras de funcionamento, concorrência, canais de distribuição ou legislação, entre outros aspetos.
Além do apoio da delegação da AICEP no país, a Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal fornece aconselhamento importante às empresas que pretendem exportar para o Brasil. Na MY AICEP terá acesso a ferramentas, conteúdos e funcionalidades exclusivas fundamentais ao processo de internacionalização. Faça o seu registo na área de cliente da AICEP!
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