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08 de Maio 2024
Risco cambial nas exportações: o que saber e como gerir

Artigo AICEP

Artigo elaborado em novembro de 2022

O risco cambial é inerente à própria exportação e qualquer empresa que procure chegar a mercados extracomunitários terá de se confrontar com esta situação, podendo tomar medidas para reduzir a exposição a esse risco. 

Se tivermos em conta o crescimento das exportações para os Estados Unidos ou Reino Unido, facilmente se percebe que este é um desafio que cada vez mais empresas terão de enfrentar. Como as variações cambiais podem afetar consideravelmente os cash flows (atuais e potenciais) é importante perceber como lidar com esta questão.  

O que é o risco cambial?

O risco cambial existe quando as empresas que fazem transações (compras ou vendas) com outros países podem ter de pagar ou receber em divisas estrangeiras. Como as moedas têm flutuações, estas acabam por se refletir na estrutura de custos, proveitos, recebimentos e no próprio desempenho financeiro da empresa. A médio e longo prazo podem mesmo ter consequências na procura e na política de preços. 

Assim, as variações cambiais acabam por ter impacto na tesouraria das empresas.  

Este risco é ainda maior se tivermos em conta os fatores que influenciam o valor das moedas e que escapam ao controlo das empresas exportadoras. O risco cambial é, por isso, um dos maiores desafios para as empresas a nível global. 

Neste cenário, a adequada avaliação e gestão deste risco cambial é fundamental para que o processo de internacionalização seja bem sucedido.

Tipos de risco cambial

As empresas enfrentam três tipos de risco: risco de conversão, risco de transação e risco económico ou operacional. O risco de conversão aplica-se sobretudo quando existem ativos e passivos em subsidiárias estrangeiras.  

No caso das empresas exportadoras, são mais comuns os riscos cambiais de transação e a nível operacional.  

O risco de transação diz respeito ao efeito da variação das taxas de câmbio nos recebimentos, pelo que está relacionado com o cash flow e com as alterações cambiais a curto prazo. Por exemplo, em relação a uma mercadoria cujo pagamento só é feito dentro de alguns meses. 

Já o risco operacional está relacionado com os efeitos da variação da taxa cambial a longo prazo. É, por isso, um risco que, embora não seja imediato, pode ter efeitos na estratégia da empresa, nomeadamente em questões relacionadas com a procura por parte dos clientes. 

A frequência com que a empresa está exposta ao risco cambial, e que no caso das empresas exportadoras depende da quantidade de vendas para mercados externos com outras divisas, também vai determinar não só o grau de exposição, mas também a gestão que é necessário fazer.  

Como gerir o risco cambial?

A forma como as empresas podem gerir este risco depende de fatores como o seu volume de negócios e a percentagem que está exposta a este tipo de risco. Algumas fazem a gestão do risco tendo em conta o impacto negativo; noutras, é tido em conta o impacto positivo e noutros casos ainda são avaliados ambos os cenários.

Esta gestão pode passar pela previsão de alterações de taxas de câmbio, tendo como base informações fornecidas pelos bancos e publicações financeiras. 

Outra opção é a fixação de uma taxa para determinada data ou período (os chamados forwards). Esta opção permite proteção em caso de flutuação cambial que possa ser prejudicial, mas impede eventuais impactos positivos se, na data acordada, o câmbio for mais favorável do que o inicialmente contratado. 

A compra ou venda de opções cambiais é outra ferramenta disponibilizada pelas entidades bancárias para minimizar o impacto da variação das taxas de câmbio. No caso das empresas exportadoras, a empresa contrata, junto do banco, uma opção de venda para determinada maturidade. Na data acordada, pode ativar a opção e vender ao banco ou ao mercado, consoante a opção que for mais vantajosa. Ou seja, existe proteção contra as desvalorizações, podendo igualmente aproveitar as evoluções mais favoráveis da moeda em questão.  

A minimização do risco pode também ser feita de uma forma mais operacional, através da faturação em euros, transferindo assim o risco para o comprador, mas criando outro risco: se a moeda europeia valorizar e o produto ficar mais caro, a procura pode diminuir.  

Um caso recente: paridade entre euro e dólar 

É um novo desafio para a economia europeia e para as empresas exportadoras. Em julho de 2022 e pela primeira vez em 20 anos, o dólar alcançou a paridade com o euro. Isto é, o valor das duas moedas foi, ainda que momentaneamente, equivalente.

Embora a moeda europeia tenha recuperado, a verdade é que o euro tem estado a desvalorizar, pelo que a pressão sobre o euro deverá manter-se. Que impacto terá esta situação nas empresas com atividade internacional?

Do ponto de vista das importações, há que considerar que uma descida no valor do euro encarece as compras ao exterior, incluindo as matérias-primas, como o petróleo. 

Já no caso das exportações, essa desvalorização pode ser positiva, já que torna os produtos europeus mais baratos, logo, mais competitivos.

Mantenha-se informado sobre as alterações nas taxas de câmbio. Na MY AICEP encontrará fichas de mercado que incluem a moeda de cada mercado e o cálculo do câmbio entre o Euro e a moeda correspondente do país para onde pretende exportar. Registe-se na nossa área de cliente.

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