Fase 3: Desenhar produtos e serviços sustentáveis
Nesta fase do caminho para a sustentabilidade, o desafio principal passa por desenvolver, ou até mesmo redesenhar, a oferta da organização para torná-la mais amiga do ambiente. Para tal, são necessárias competências que permitam perceber que produtos ou serviços estão a ser oferecidos que possam ser mais ou menos sustentáveis em termos ambientais.
É importante discernir entre um produto verdadeiramente ecológico, que possa suscitar a aceitação dos públicos e outro que possa ser entendido como uma espécie de lavagem verde que, na verdade, pouco ou nada tem de amigo do ambiente ou, no mínimo, é pouco transparente. Quem está à frente das decisões organizacionais deve, por isso, privilegiar produtores ou fornecedores com práticas sustentáveis que possam ser comunicadas com verdade.
A eco-inovação de produtos é um processo multifacetado em que três tipos-chave de foco ambiental – material, energia e poluição – são tidos em consideração com base no seu impacto sobre o ambiente em diferentes fases do ciclo de vida física do produto (processo de fabrico, utilização e eliminação do produto). A figura 5 mostra a forma como a inovação sustentável pode ser atingida nas suas várias dimensões – materiais utilizados, energia consumida e poluição causada.
Figura 5 - Formas de integração de inovação sustentável. Fonte: Dangelico e Pujari, Journal of Business Ethics (2010)
Note-se que nem todos os produtos têm uma pegada ambiental (uma metodologia de contagem ambiental capaz de transpor, em hectares, as dimensões dos territórios que um indivíduo ou toda a sociedade utilizam para se sustentar) significativa em cada fase do ciclo de vida físico do produto nem esta pegada provém de todas as componentes referidas (material, energia e poluição), mas quase todos os produtos têm impacto ambiental significativo em pelo menos uma das etapas. Por exemplo, uma empresa de mobiliário pode causar um impacto ambiental principalmente nas florestas (material), enquanto o principal impacto ambiental de um fabricante de máquinas de lavar ocorre durante a utilização do produto, ou seja, na utilização de energia, água e detergente (utilização). Por outro lado, há indústrias de enorme impacto, como sucede com o setor automóvel e as petrolíferas, cuja pegada ambiental pode cobrir todas as fases do ciclo de vida física (fabrico, produto, utilização e eliminação).
Porém, introduzir uma inovação “verde” em qualquer fase do ciclo de vida físico do produto ou enfrentar os desafios da sustentabilidade em diferentes dimensões, tais como seleção de materiais, utilização de energia ou a prevenção da poluição, tenderá a atribuir ao produto um nível.
Fase 4: Desenhar novos modelos de negócio
As novas tecnologias podem proporcionar às empresas a capacidade de desafiar a lógica convencional.
O desenvolvimento de um novo modelo de negócio requer a exploração de alternativas diferentes das atuais formas de fazer negócio, bem como compreender como as empresas podem satisfazer as necessidades dos clientes de um modo diferente. É por isso que os gestores das empresas devem aprender a questionar os modelos existentes e a procurar novos mecanismos para oferecer o produto no mercado. Encontrar formas inovadoras de entrega e captação de valor, desafiando a concorrência é, pois, o desafio central desta fase, que não poderá ser atingida sem o conhecimento cabal daquilo que os clientes desejam ou exigem.
Nesta procura de inovar com novos modelos de negócio inclui-se a capacidade de perceber de que forma eventuais parceiros podem acrescentar valor aos produtos ou serviços, sendo que estes últimos podem verdadeiramente ser cruciais para garantir a entrega de produtos que correspondam àquilo que os clientes verdadeiramente desejam.
Fase 5: Criar plataformas com práticas sustentáveis de última geração
As práticas sustentáveis têm vindo a alterar os paradigmas existentes. Porém, para inovar no sentido de descobrir novas práticas, as empresas devem questionar-se sobre os pressupostos implícitos às práticas atuais e, na verdade, tem sido isso que vem permitindo o desenvolvimento económico e social. Poderemos vir a desenvolver detergentes que não precisem de água? Poderemos, no futuro, cultivar arroz que cresce sem água? As embalagens biodegradáveis poderão ajudar a semear plantas e árvores? Porque não?
O nosso atual sistema económico tem vindo a colocar uma enorme pressão sobre o planeta e, por esta razão, as abordagens tradicionais entrarão em colapso e obrigarão as empresas a desenvolver soluções inovadoras – mesmo que incrementais – que traduzam uma verdade simples: Sustentabilidade = Inovação.