Saber Vender Online
Estratégia de internacionalização
Existem duas principais diferenças em termos de estratégia de internacionalização na amostra de empresas portuguesas analisada (ver E-Commerce a nível europeu e nacional: breve diagnóstico, pág. 6).
Por um lado, há as empresas que já estão presentes em vários países e, por esse motivo, abordam a internacionalização através do e-commerce com base nos países onde já têm presença. São mercados que já conhecem e com os quais já trabalham e parece-lhes natural apostar nesses mercados através do e-commerce.
Por outro lado, há empresas pequenas que têm tentado, com dificuldade, descobrir qual a melhor estratégia para se internacionalizarem através do e-commerce. Ainda não desenvolveram uma estratégia consolidada de e-commerce para alcançar os mercados internacionais, admitindo também que não sabem qual a melhor estratégia para o fazer.
De forma geral, as empresas analisadas não fazem planeamento para a internacionalização, e o mesmo se verifica com o plano de marketing digital e de comunicação internacional: não existe.
As empresas que desenvolvem planos de marketing digital e de comunicação para Portugal optam por replicá-lo para os países de destino, procurando, acima de tudo, soluções rápidas, económicas e fáceis, muitas vezes devido à falta de conhecimento da melhor estratégia para o fazer.
Recursos Humanos
Equipa de e-commerce
Das empresas respondentes, a maioria (66,3%) dispõe apenas de um (38,5%) ou dois (27,8%) recursos humanos dedicados ao negócio online, sendo que algumas das empresas analisadas não têm nenhum (7,1%).
Desses escassos recursos afetos ao negócio online, a maioria das empresas apenas têm um recurso humano dedicado à internacionalização do negócio online (48,5%) ou mesmo nenhum (23,1%).
Qualificação dos recursos humanos
Os recursos humanos são, na sua grande maioria, contratados através de recrutamento interno nas empresas (94,1%) e metade dos contratados (50,9%) não têm qualquer formação em marketing digital.
Já na empresa, é ministrada formação a esses recursos humanos em termos de especialização na internacionalização do negócio online apenas em 39,1% dos casos.
No entanto, analisando os cursos e as formações mencionados pelas empresas, pode concluir-se que a formação ministrada é na verdade mais geral no âmbito do marketing digital, do que em termos de especialização na internacionalização do negócio online.
Técnicas de análise de mercado e de concorrência
As ferramentas Google são as mais utilizadas para efetuar análises de mercado e de comportamento e tendências de consumo, nomeadamente o Google Trends (39,6%) ou o Google Market Finder (11,8%).
A grande maioria das empresas respondentes refere a pesquisa via Google (83,4%) como a sua tecnologia de análise de concorrência, o que poderá indicar um desconhecimento de tecnologias de análise de mercado mais avançadas. Apenas 14,2% utilizam o Similarweb (ferramenta de análise de websites, que ajuda a conhecer o mercado e monitorizar concorrentes ) para analisar os seus concorrentes internacionais.
Marketing e comunicação internacional
Marketing digital
O marketing digital é indispensável para a internacionalização dos negócios através do e-commerce. A confirmá-lo está o facto de 92,9% das empresas analisadas desenvolverem ações de marketing digital no que diz respeito à internacionalização.
Fonte: Questionário de Diagnóstico das Empresas Portuguesas.
Fonte: Questionário de Diagnóstico das Empresas Portuguesas.
Apesar de as redes sociais serem importantes na comunicação com os clientes ou fãs da marca noutros países, a maioria das empresas comunica nas redes sociais em português (73,4%) ou em inglês (67,5%). Esta situação poderá estar relacionada com o facto da maioria dos seguidores das páginas das marcas estar localizada em Portugal.
Marketing tradicional
Relativamente a ações de marketing offline/tradicional com o objetivo de internacionalização, 62,1% das empresas participam (ou já participaram; algumas ainda não retomaram desde a pandemia de covid-19) em feiras internacionais, como complemento fundamental aos esforços de marketing digital através do e-commerce.
Adicionalmente, 31,4% enviaram press releases[1] ou press kits[2] para os mercados internacionais, tendo 26,6% optado por enviar amostras em encomendas de marcas parceiras.
* Participam ou já participaram. Algumas ainda não retomaram desde a pandemia de Covid-19.
Fonte: Questionário de Diagnóstico das Empresas Portuguesas.
Investimento em marketing
Em termos de orçamento para marketing digital, 32% das empresas investe menos de 3% do objetivo de vendas online e 19,5% investe entre 3% e 5% do objetivo de vendas online. As empresas analisadas concordam que o investimento não é o mais adequado à internacionalização através do e-commerce, o que está associado às limitações que têm sofrido, nomeadamente a pandemia de Covid-19 e o aumento do preço das matérias-primas.
De notar que 11,2% afirma não fazer qualquer investimento em marketing digital.
No que diz respeito ao marketing tradicional (ou offline) a situação é semelhante: 42,6% das empresas investe menos de 3% do objetivo de vendas offline e 30,2% investe entre 3% e 5% do objetivo de vendas offline. De igual modo, 11,8% das empresas não faz qualquer investimento em marketing tradicional.
Investimento em marketing digital e investimento em marketing tradicional
Fonte: Questionário de Diagnóstico das Empresas Portuguesas.
Logística e canais de distribuição
Os principais constrangimentos à internacionalização via e-commerce referidos pelas empresas estão relacionados com logística e transportes.
Fonte: Questionário de Diagnóstico das Empresas Portuguesas.
Regulamentação
Fonte: Questionário de Diagnóstico das Empresas Portuguesas.
* Na maioria dos casos é a mesma pessoa que se dedica aos dois.
Fonte: Questionário de Diagnóstico das Empresas Portuguesas.
Alterações legislativas no e-commerce
Em 2021 foram aprovadas duas alterações legislativas com impacto significativo no comércio eletrónico transfronteiriço. Tanto a decisão do Reino Unido em abandonar a União Europeia, como o aumento das taxas de impostos e taxas alfandegárias para itens de baixo valor vindos de fora da UE trouxeram desafios adicionais para os consumidores afetados pelas novas leis.
Brexit
A saída do Reino Unido do Mercado Único e da União Aduaneira criou barreiras ao comércio e às trocas transfronteiriças que não existiam antes de 1 de janeiro de 2021.
As consequências para as administrações públicas, empresas e cidadãos foram inevitáveis, amplas e de grande alcance, mesmo com o Acordo de Comércio e Cooperação UE-Reino Unido em vigor.
As empresas da UE que compram bens do Reino Unido e os colocam no mercado da UE tornaram-se importadores, enquanto aquelas que vendem produtos para o Reino Unido se tornaram exportadores. Significa que passaram a ter de cumprir um novo conjunto de obrigações.
As regras aduaneiras exigidas pela legislação da UE são aplicáveis a todas as mercadorias provenientes do Reino Unido ou que saem da UE para o Reino Unido. Todos os produtos negociados entre a UE e o Reino Unido estão sujeitos às verificações de conformidade regulatória aplicáveis e controles sobre importações para fins de segurança, saúde e outras políticas públicas.
Fim da isenção de IVA em todas as compras eletrónicas extracomunitárias
A 1 de julho de 2021, as regras das compras online sofreram alterações importantes, principalmente porque as aquisições extracomunitárias passam a estar sempre sujeitas a IVA e ao desalfandegamento, independentemente do valor.
[1] Press release, ou comunicado de imprensa, é uma ferramenta utilizada pela assessoria de imprensa para divulgar lançamentos, novidades, eventos e outros assuntos relevantes para os jornalistas.
[2] Press kit pode ser uma página do website com todos os recursos e informações necessários para profissionais da imprensa. Inclui o press release, fotografias, logotipos e outros materiais de marketing.