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Casos de Sucesso: Riopele

Riopele aposta no metaverso e nas tecnologias imersivas para tornar mais rápida a apresentação de coleções de vestuário

A Riopele é uma das mais antigas empresas têxteis portuguesas e uma referência internacional enquanto produtora de tecidos para coleções de moda e de vestuário. Fundada em 1927, é uma empresa familiar localizada no concelho de Vila Nova de Famalicão. O negócio está integrado verticalmente e inclui todo o processo de produção, da rama ao vestuário, passando pela produção do fio, tela e tecido. “O nosso principal negócio é a produção integrada verticalmente de têxteis até ao tecido, que depois fornecemos às principais marcas internacionais de moda.”, explica Rui Oliveira, diretor de sistemas de informação da Riopele.

Após dois anos marcados pela pandemia da covid-19, a Riopele registou um aumento do seu volume de negócios em 2022, na ordem dos 40% face ao ano anterior, para cerca de 90 milhões de euros. Mais de 95% da produção da empresa destina-se aos mercados externos e a grandes marcas internacionais. Embora esteja presente em mais de 30 países a Riopele vende sobretudo para Espanha, Alemanha, Estados Unidos, Canadá, França e Itália, os países mais relevantes e exigentes na área da moda.

Os fatores críticos para o sucesso da Riopele têm sido a inovação e a criatividade das coleções”, sublinha Rui Oliveira, “para além da qualidade do tecido e do serviço prestado ao cliente”.

IMPLEMENTAÇÃO DE TECNOLOGIAS PARA AUMENTAR A PRODUTIVIDADE E MELHORAR PROCESSOS  

A empresa decidiu adotar o metaverso e as tecnologias de realidade virtual e realidade aumentada para dar resposta a diferentes desafios. “Sabia-se que iria ser útil e havia espaço para experimentar”, recorda Rui Oliveira. Estas tecnologias poderiam ser usadas em diferentes áreas, da teleoperação à manutenção preventiva, passando pela recolha de informação, e permitiriam tomar decisões em tempo real.

A primeira fase de introdução destas tecnologias foi exploratória, mas atualmente esta mudança é já considerada fundamental para aumentar a produtividade da empresa e melhorar os seus processos. 

A Riopele tem vindo a instalar um portefólio integrado de tecnologias, mais do que a adotar uma ou outra tecnologia de forma separada. É necessário recuar até 2007 para contar como começou o processo de transformação digital da empresa. “Desde essa altura que estamos a investir muito em tecnologia”, sublinha o responsável pelos sistemas de informação da Riopele. O objetivo tem sido, desde então, melhorar os processos e dar respostas a novos desafios, numa abordagem mais centrada na resolução de problemas do que nas ferramentas tecnológicas.

Ao longo desse processo a empresa integrou no seu portefólio várias tecnologias que são muitas vezes referidas como disruptivas, desde IoT (Internet of Things) a IA (inteligência artificial), passando pela AR/VR (realidade virtual e realidade aumentada) e metaverso. “Todas confluem para os objetivos estratégicos da empresa”, adianta Rui Oliveira. As tecnologias têm sido adotadas sobretudo como ferramentas ao serviço da gestão. 

Há, no entanto, tecnologias a que a Riopele tem dado particular atenção. É o caso da realidade aumentada, da realidade virtual e do metaverso, associadas a IoT e ciência de dados “Tudo está interligado”, sublinha Rui Oliveira, e tudo contribuiu para que a empresa consiga hoje disponibilizar aos clientes ferramentas que tornam mais rápida a criação de digital twins, ou gémeos digitais, neste caso réplicas virtuais feitas à imagem e semelhança dos tecidos da Riopele. Assim, com esses “tecidos virtuais”, os clientes podem criar as coleções muito rapidamente.

As vantagens destas tecnologias para a Riopele e para os seus clientes são várias, mas entre elas destacam-se a poupança de tempo e de recursos. Rui Oliveira recorda o caso de um cliente que conseguiu reduzir, com os digital twins, o tempo de criação da apresentação de uma coleção de três ou quatro semanas para três ou quatro dias. As amostras físicas deixaram de ir para lixo, foram transformadas em amostras digitais, o que resultou numa significativa poupança de recursos. O fornecimento de tecidos em digital twins permitiu a toda a cadeia de valor o desenvolvimento de coleções de forma muito mais rápida. “Para quem está no retalho de moda, a rapidez é importante”, salienta Rui Oliveira. 

Em 2018 tivemos a primeira das nossas fábricas totalmente virtualizada. Através de Realidade Virtual e Realidade Aumentada conseguimos ver o que está a acontecer em tempo real

Riopele

FÁBRICA TOTALMENTE VIRTUALIZADA ATRAVÉS DE REALIDADE AUMENTADA E VIRTUAL

Por volta de 2017, os responsáveis da Riopele previram que a desmaterialização de parte dos processos da cadeia de valor da empresa iria acontecer. Ou seja, as coleções físicas iriam dar lugar a outras opções digitais ou virtuais. “Começámos a falar com parceiros e, muitas vezes, com os próprios clientes. Começámos também a estudar o tema e vimos que a Web 3.0 vinha para ficar e que devíamos estar preparados para nos diferenciarmos”, recorda Rui Oliveira. A digitalização e otimização de processos era já uma realidade na empresa, que apesar disso decidiu avançar para uma nova etapa da sua transformação digital.

Em 2018 tivemos a primeira das nossas fábricas totalmente virtualizada. Através de realidade virtual e realidade aumentada consegui-mos ver o que está a acontecer em tempo real”, explica Rui Oliveira. Na Riopele passou a ser possível funcionar com as máquinas através de óculos 3D e de um browser. A empresa já recolhia dados em tempo real da produção, e também já tinha as suas máquinas ligadas através de IoT, por isso parte do investimento estava feito. Contudo, foi necessário encontrar pessoas que dominassem as tecnologias do metaverso, nomeadamente a realidade virtual e realidade aumentada e depois integrar a informação em tempo real. “Optámos sempre por ter alguém da Riopele juntamente com parceiros estratégicos, a explorar a tecnologia.

Ao longo deste processo a Riopele recorreu a parceiros tecnológicos, mas procurou também envolver pessoas da empresa e internalizar o conhecimento. Numa fase inicial houve maior necessidade de programadores e cientistas de dados e a Riopele procurou também apoio junto da academia, nomeadamente do Instituto Politécnico do Cávado e do Ave (IPCA), que tem diversos cursos relacionados com as artes digitais e multimédia, e da Universidade do Minho, para além de empresas de consultoria que têm ajudado a desenvolver estas tecnologias.

Mapeámos toda a fábrica num ambiente 3D, o que permite, com uns óculos ou com um browser, entrar na fábrica, interagir com os dados e ver a produção que está a decorrer, isto tudo remotamente. Pode-mos estar do outro lado do mundo e ver o que se está a passar na fábrica e interagir”, adianta Rui Oliveira. Foram também acauteladas as questões de seguran-ça para garantir que só as pessoas autorizadas teriam acesso ao sistema.

A tecnologia começou por ser introduzida na fábrica mais pequena da empresa, a tinturaria de fios, e esse processo envolveu três pessoas da fábrica, duas pessoas que desenvolveram e programaram a aplicação e uma designer que criou a versão virtual da fábrica com o aspeto o mais realista possível. O resultado acabou por corresponder às expectativas e a tecnologia foi bem recebida. “As pessoas reagem muito positivamente porque já sabem que, quando fazemos algo, vai ser simples, intuitivo e ajudar no dia-a-dia”. 

Mapeámos toda a fábrica num ambiente 3D, o que permite, com uns óculos ou com um browser, entrar na fábrica, interagir com os dados e ver a produção que está a decorrer, isto tudo remotamente. Podemos estar do outro lado do mundo e ver o que se está a passar na fábrica e interagir

Riopele

RESPOSTA AO CLIENTE DIMINUIU VÁRIAS SEMANAS E PRODUÇÃO AUMENTOU MAIS DE 20%

A introdução destas tecnologias na Riopele teve como resultados mais imediatos a automatização de processos e a eliminação de tarefas rotineiras e de informação dispersa. Para além destas vantagens, Rui Oliveira sublinha que, a par dos ganhos financeiros, estas mudanças aumentaram bastante a competitividade da Riopele, sobretudo no que diz respeito à rapidez de resposta. “Isso foi cumulativo, há uns anos tínhamos entre 13 a 15 semanas de resposta ao mercado, desde que se faz o fio até que o tecido está pronto. Neste momento conseguimos dar resposta, desde que entra a encomenda, em três semanas”, sublinha Rui Oliveira. Esta melhoria foi alcançada devido à utilização de todo o portefólio de tecnologias, não só o metaverso como toda a disponibilização de dados em tempo real que permite tomar decisões de forma mais célere. “Conseguimos produzir mais 20% ou 25% porque temos informação para a tomada de decisão e temos tecnologia que permite maximizar a nossa capacidade produtiva e a nossa eficiência.

A aposta nas tecnologias disruptivas foi muitas vezes desencadeada por clientes mais atentos aos processos de transformação digital. A primeira apresentação de uma coleção de moda com recurso ao metaverso surgiu exatamente após um desafio colocado por um dos clientes da Riopele que quis começar a trabalhar sem amostras físicas, substituindo-as por amostras digitais. Essa meta-coleção acabou por ser apresentada em junho de 2022 no QSP Summit, em Matosinhos.  O tecido, entregue em formato digital, não se resume a uma simples fotografia, uma vez que integra as tecnologias imersivas que simulam texturas e outras características físicas e químicas, explica Rui Oliveira. “É feita a simulação 3D para ver como a coleção se comporta. Para ver, por exemplo, como cairá um vestido numa mulher a andar”. Em vez de uma fotografia, o que é mostrado é uma renderização 3D realista.

Fazer uma coleção de roupa através da tecnologia do metaverso é mais rápido e evita desperdício de matéria-prima, mas não dispensa os conhecimentos fundamentais de confeção e de modelagem. O que existe no mundo real tem de ser transposto para o metaverso, e essa foi uma das dificuldades da Riopele ao longo deste processo. “O virtual será tão melhor quanto mais parecido seja com a realidade, e essa é uma preocupação que temos sempre”, conclui Rui Oliveira. Por isso, a solução adotada pela empresa foi batizada Metareal.

Conseguimos produzir mais 20% ou 25% porque temos informação para a tomada de decisão e temos tecnologia que permite maximizar a nossa capacidade produtiva e a nossa eficiência

Riopele

AUMENTAR A TRANSPARÊNCIA ATRAVÉS DOS DADOS E CONTINUAR O CAMINHO PARA WEB 3.0 

A Riopele tem agora como grande preocupação tornar-se totalmente uma empresa Web 3.0 em termos de tecnologia. Isso significa melhorar a eficiência através da robotização de certo tipo de tarefas, implica a utilização da inteligência artificial e machine learning para melhorar os processos e reduzir os consumos energéticos e continuar a fornecer soluções inteligentes aos clientes.

As tecnologias baseadas em inteligência artificial e machine learning deverão também passar a ser utilizadas para detetar defeitos mais a montante do processo produtivo. E, enquanto empresa que aposta na Web 3.0, a Riopele pretende também aumentar a sua transparência, por via dos dados, nas cadeias de valor que integra, por exemplo no que diz respeito a dados relativos à sustentabilidade. “É preciso dizer ao consumidor final qual é a nossa pegada de carbono, e as marcas de vestuário terão de ter essa informação”, sublinha Rui Oliveira. “Estamos convictos de que o planeta tem de ser preservado, mas também estamos convictos de que isso nos vai trazer vantagens e diferenciar face aos concorrentes”.

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