Da fábrica da Impetus saem mais de 12 milhões de peças de vestuário íntimo masculino por ano, sobretudo boxers mas também t-shirts, pijamas ou calções de banho. A Impetus é a marca mais conhecida mas a empresa tem ainda a I AM, Eden Park ou Protech Dry. Em conjunto, estas marcas são responsáveis por cerca de 60% do volume de negócios da empresa, que ronda os 65 milhões de euros. O resto é subcontratação para algumas marcas de prestígio. Não é de estranhar, portanto, que 90% da produção da empresa tenha como destino a exportação.

Manuel Torres, diretor de vendas do grupo Impetus, percorre os 40000 metros quadrados da fábrica em Barqueiros, Barcelos, com o passo determinado de quem tem muito para mostrar. A empresa continua a ter uma estrutura familiar, mas é hoje muito diferente do pequeno negócio têxtil fundado por Emília e Alberto Figueiredo em 1973. “Nos anos 80 a empresa especializou-se, deixou de fazer um bocadinho de tudo e passou a produzir exclusivamente vestuário íntimo masculino, e na década de 90 deu o salto clássico e tradicional de uma empresa orientada para o produto para uma empresa orientada para a marca”, conta Manuel Torres. Nasceu então a Impetus, com uma coleção que acabou por ser lançada em Espanha e ter bastante sucesso.

A internacionalização começou com a criação da primeira filial em Espanha, no final da década de 90, e a partir daí cresceu gradualmente, seguindo-se a constituição da Impetus França.

Hoje a empresa de roupa interior de homem está presente em mais de 40 países, seja com com filiais próprias ou por via de contratos com importadores e distribuidores. Espanha e França continuam a ser os principais mercados. “Aí somos líderes no mercado multimarca independente e somos das marcas que mais vende dentro dos espaços comerciais do El Corte Inglés e das galerias La Fayette”, sublinha Manuel Torres. A Alemanha também é um mercado importante, tal como os Estados Unidos, onde a empresa vende essencialmente online, ou a Rússia, onde a marca está presente nas pequenas lojas desde Moscovo a Vladivostok ou São Petersburgo.

A Europa continua a ser uma aposta preferencial da Impetus, que criou filiais na Alemanha, Áustria ou Inglaterra. E nos mercados mais longínquos, onde não é viável manter uma filial, como é o caso da Rússia ou da Ásia, a empresa estabeleceu contratos com distribuidores que participam no desenvolvimento das coleções e na definição de objetivos, adianta Manuel Torres.

Nós analisamos os canais de distribuição existentes, o ambiente de negócio, as questões culturais e tentamos sempre identificar o parceiro que domine todos esses aspetos.

Para o diretor de vendas do Grupo Impetus, abordar um mercado implica olhar para fatores tão diversos como o poder de compra dos consumidores, os fatores culturais e macroeconómicos e a existência das estruturas de distribuição que são os principais clientes da empresa, sobretudo o retalho multimarca especializado.

Manuel Torres destaca como principais sucessos ao longo do processo de internacionalização da marca de roupa interior de homem as conquistas do mercado espanhol e do mercado francês. Por outro lado, a criação de lojas próprias da marca, em 2008, “foi um projeto que correu mal e que foi necessário parar muito rapidamente”.

A Impetus tem investido na inovação e no desenvolvimento de roupa interior anti odor ou termorreguladora. “Um dos best sellers é a linha Innovation, feita a partir de uma tecnologia desenvolvida pela NASA e posteriormente incorporada pela Outlast Technologies. É um termorregulador que permite ao corpo humano manter um conforto constante através da absorção da humidade e a gestão da humidade na peça”, explica Manuel Torres. Outra inovação foi, em 2013, o desenvolvimento de peças para a incontinência ligeira, com uma zona de reforço que absorve o líquido.

É lavável, reutilizável, e trouxe para o mercado uma solução concreta para um problema que afeta milhões de pessoas.

A Impetus também tem investido na área do e-commerce, que representa cerca de 1% das vendas da empresa, e está presente na Amazon dos Estados Unidos, onde a gama Protech Dry tem sido bem-sucedida, mas também no Reino Unido e em França. Um dos seus principais objetivos é agora consolidar a posição em alguns mercados asiáticos. “Já tivemos uma presença muito forte nesses mercados, que depois diminuiu por diversas razões”, adianta Manuel Torres. “É aí que vamos apostar os nossos esforços, mas também em consolidar a posição na Rússia e em mercados tão próximos como a Bélgica ou a Holanda, onde a nossa presença ainda não é a ideal.”